Meu Amigo Totoro
Mundo bucólico no interior do Japão, aliás poderia ser em qualquer lugar. Crianças descobrem o mundo e enfrentam a realidade através do contato com o fantástico. Saltam aos olhos a miudez de seres que habitam as brumas do desconhecido, movem-se nas folhas mais altas da maior árvore do jardim o obscuro. A mãe no hospital, o pai que trabalha fora, a mudança de casa, de fase etária e a consequente descoberta do mundo, a velhice. Tudo isso aos olhos de duas crianças, a menor se atreve a enfrentar o medo e descobre o fabuloso como ponto de apoio, a mais velha já na escola ainda não perdera a inocência. A casa nova e a vizinhança é todo um mundo para se descobrir, o sótão, os vários cômodos, portas, gavetas, cada compartimento guarda um vínculo com o primevo; angústias, medos, sonhos, devaneios, esperanças. Num contato direto entre seres humanos e natureza a ternura se aguça e a fantasia preenche os espaços onde os sentidos não chegam e o medo afasta, Totoro é tudo isso. Um gigante peludo, senhor da natureza, produz os ventos da noite, faz crescer as árvores, e ajuda as crianças a atravessarem a fase de difícil que estão enfrentando.
Um filme suave em que o universo infantil é mostrado de maneira riquissíma, não subestimando a capacidade das crianças, e que não há nenhum tipo de conflito maniqueísta ou lições de moral simplistas, enfim, bem diferente dos demais filmes de animação feitos para o público infantil. Miyazaki a partir desse filme conseguiu se firmar como um dos expoentes da animação mundial, sempre com grandes audiências, principalmente por unir um enredo simples, mas bem armado, com um universo fantástico sem cair em clichês ou fórmulas para agradar o grande público.