sábado, junho 18, 2005

Um pouco de política (só um pouco)


Nenhuma palavra conseguiria captar a exatidão do momento, nenhuma história seria capaz de desmentir o fato. A lágrima escorrida não limpa o chão. O sorriso irônico a que somos submetidos constrangiu mais pelo cinismo do que pela vergonha. Seria um grito, seria um riso só, festejo a noite toda, mas as veias estão abertas nesses tristes trópicos. Nos lembramos que fingimos não ver o óbvio, preferíamos, sonhávamos, só. A máscara caiu, uma leve desesperança nos atingiu mas por fim a alegria nos despertou. Alegria de inventar o novo.

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O caso é dançar na corda bamba - no jogo, bailar com as regras.

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A entrevista do MV Bill na revista Caros Amigos desse mês é uma prova de que no Brasil política não se resume às fofocas de bastidores que saem nos jornalões. Há várias formas de lutar, não vivemos o fim da história.

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Enquanto alguns sorrisos sardônicos aparecem na tela e o cinismo retórico subserviente cuja reflexão não alcança a profundidade de um pires de outros é laureado, muitos dançam nas ruas cirandas de tempos imemoriáveis.

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"Dançar é celebrar os deuses." Posted by Hello

quinta-feira, junho 09, 2005


"... o amor existe. Mas anda de automóvel."

Os pés buscam o equilíbrio nas pedras irregulares, ao atingir o objetivo sopra um vento forte e o tempo se estilhaça, flutuando, serpenteia por toda parte. Coroa-se o dos pés-de-bode, a República é instituída. Não, a Monarquia. Dom Sebastião se levanta das areias do Maranhão, o rei-eu, Quinto Império dos mil passos. Evoé, evoé!
Máquinas rasgam o espaço, zumbem velozes rente à carne, mas o corpo dança numa sinuosidade alegre e atravessa o deserto bravio. Rezam lendas, conversas soltas, vinganças frias, violência gratuita, frequento teatros pastiches, valsas solenes, música nas câmeras, mas participo de sociedades secretas de perder o juízo. Ah, ah e isso basta. Correm notícias, falácias, verdades são construídas na manchete de capa, morte nas imagens, olhos vidrados. A ficção, vida/arte, celebra a mentira, destroça as estruturas de metal do mundo.
- Iconoclasta, iconoclasta!
Ao redor toca uma música, porque incompleta é preenchida pelo movimento corporal, momento faltante dançado. Evoé!
Um homem amarelo, senhor respeitado, abre a boca na tentativa de roubar minha juventude, mas sorrio com ele e a gargalhada atravessa todos os mares, retumba nas geleiras e paira sobre os automóveis. Esquecera de dançar, o deus-vivo se esquiva, mostra os dentes. Por isso tiro da prateleira um livro, ah, me delicio com palavras, reivento línguas, todo o alfabeto é esquecido, a diferença aí se estabelece. Leve nos passos, danço no ar.

Ao entrar em casa, mato uma barata que tenta se esconder no escuro, agora tudo é previsível...
Posted by Hello

segunda-feira, junho 06, 2005

Aterrissando...