sábado, abril 30, 2005

Alguém já foi numa bienal caipira?
É divertido.

terça-feira, abril 19, 2005

Pequena história de uma vida mínima




Imaginem um ônibus cheio com pessoas em pé em que a janelas são propositadamente emperradas permitindo que se abram somente até a metade. Velhos, donas de casa, trabalhadores, adolescentes, crianças e eu e Ju. Tão em pé, suportando o calor miserável de uma segunda feira da moléstia daquelas que o copo com água quebra na mão da gente sem porquê, que se perde provas porque o professor não respeita os estudantes, que se percebe que não conseguirá entregar a monografia à tempo. Pois bem, foi justamente um dia desses. O ônibus balançando e todos fingindo suportar tudo aquilo ali, tentando pensar em algo que dê sentido para uma vida tão absurda ou mantendo conversas só para não perder a prática. O preço da passagem para andar em pé é o mesmo que o que se paga para ir sentado, se tiver sorte pode-se ir sentado utilizando todas as benesses de sua bunda devidamente acomodada no banco de plástico azul ou ir em pé com a regalia de pegar vento fresco que vem da janela que fica na parte superior. Justiça dos homens. Eis que nesse mesmo ônibus, nesse mesmo dia, se encontra um fiscal verificando se a carteirinha usada pelos estudantes é mesmo do usuário. Uma espécie de polícia averiguadora de carteirinhas alheias, caso você não apareça na fotografia da carterinha usada a dita não é sua. Já perto da nossa parada entra um rapaz, distinto personagem, aqueles adolescentes negros, roupas, diria, não tanto alinhadas e, notei, várias feridas pelo corpo. O fiscal para exercer sua condição de assalariado pede a carteirinha ao rapaz, esse ao mostra-la dá confessão de seu crime - a não semelhança. Para punir o crime hediondo e exercer seu poder policial o fiscal dá um grito para o motorista não abrir as portas do ônibus para ninguém, inclusive para mim e Ju. O que num dia como esses não se faz. Já haviamos sido importunados pelo parvo fiscal que se julgava um magistrado, por isso ficamos com uma pulga atrás da orelha, no dizer dos cães. Isso deu margem para que ao anúncio do querido assalariado, que possui a missão civilizadora de checar fotos e taxar de marginais aqueles que não possuem a semelhança necessária entre a figura impressa no papel e o rosto, fosse respondido por um grito indignado da Ju e chutes na porta por parte de meu pé. Vendo e ouvindo a atitude de vanguarda exercida por nós, principalmente por Juliana, os demais passageiros se inflamaram e participaram da pequena rebelião com pequenos e contidos gritos de apoio e avacalhação dirigidas para o fiscal, autoridade para qual a manifestação se dirigia. Após repetidos chutes, socos, gritos, xingamentos, o ato estava prestes a se consubistanciar, pois a balbúrdia tomara conta do veículo de tal forma que até aqueles mais contidos, que ainda permaneciam sentados como telespectadores de uma vida menos real que a novela das seis, já manifestavam sua indignação, o motorista resolveu abrir as portas pois o perigosíssimo marginal que não possui as devidas semelhanças entre figura e rosto já se encontrava devidamente imobilizado, o ônibus estava relativamente avariado e as pessoas muito mais do que inflamadas por aquela ridícula situação. Eis que a boiada resolve estourar e ganhar as ruas para devidamente se assentarem em suas poltronas preferidas e digerir a tão esperada refeição. Cada pessoa em sua casa, cada pessoa um universo de subjetividade, cada cabeça uma sentença. Posted by Hello

sexta-feira, abril 15, 2005

ousei


Mathew, quem era? Sonho estranho com um texto escrito em branco no fundo preto, sentado, quase acordado, na mesa em que era servida alguma refeição. Ali, na frente da tela do computador brilhante, acordou um tanto assustado pelo gato que passou na janela, nessa tarde tediosa, que não é noite, mas que fizera dormir no trabalho que não tem. Mathew, aquele nome ficou na memória. Algo a ver com Alice no país das maravilhas, talvez um chá das cinco. Ele que era o elemento faltante na mesa, como um coelho qualquer, aqui quando acordado não era ninguém, palavras também. Ninguém daria falta de alguém tão obtuso. Era Mathew acordado de alguém dormindo? Era Mathew dormindo de alguém acordado?
Uma piscadela mais demorada que outra, os olhos revirando e tudo parece fazer mais sentido que antes...
...ele, Mathew, teve sua atenção fisgada por um cachorro de pele branca com manchas pretas, no momento em que se lembrava da noite de ontem... Posted by Hello

quinta-feira, abril 14, 2005

Sorriso amarelo

Meu curriculo Lattes mas não morde.

podre.

sexta-feira, abril 08, 2005

Mudando de assunto


o papa morreu...

Posted by Hello

sexta-feira, abril 01, 2005


Nenhum gesto. Palavras secas como o dia. Sol quente, cidade grande, asfalto sujo. Nenhum olhar. Dois corpos lado a lado, fazendo juntos, um nada a fazer. Os olhos não se encontram, as bocas se tocam mecanicamente e o reclame na tv matando um de nós. Ao vivo. Segunda feira ou sexta, um sonho, quem sabe. Compraremos o nosso. Assim, adiado. Mecanizado no dia de semana, segunda ou sexta. Um tanto faz alegre, babaca mesmo. Uma tristeza leve, anestesiada, sem sentido. Tento, tento, dou um toque, digo. E nada. Como num sonho ruim quando se quer acordar, e nada. E nada. Temo assim esse tanto faz, uma rotina, esse tanto fez. Gostaria de mais, queria sempre mais. Por isso balbucio alguma palavra. Te toco, levanto os olhos, abaixo a cabeça, mordo os lábios. E nada. Eu quero tudo, ou nada. Esse mezzo, esse nada, não dá em nada. Nunca deu. Ou vida, ou morte, não me venha com essa de sem querer, tanto faz, quase, meio, morno, limbo, nada. Te chamo, vira pra mim. Me vira. Me morde. Me mate. Tanto faz. Não tanto faz, não. Te quero sempre, te quero tudo, te quero nada. Nunca quase. Sempre ou Nunca. Quase não. Isso é meio, metade, sem graça, morno. Te quero engraçada, te quero zangada. Te quero sorrindo, te quero brigando. Verão ou Inverno. Inferno ou Paraíso. Vem, me toca, me bate, me xinga, me beija. Sem essa de aliança, de banalidades, de qualquer um, tanto faz, quem sabe, talvez, meu dia foi assim. Mate seu dia, destrua o meu. Me tire daqui, atire me daqui. Atire(-se) em mim. Não me deixe assim. Grite. Me faça gritar. Balbucie não, tanto faz não. Por favor não. Por favor, não. Me olhe, me cegue, me mate... me faz viver... se lembra... se lembra? ME LEMBRA! Posted by Hello