Tento mas não consigo. Tudo que escrevo adquire uma aspereza intragável, me forço mas o Word barra qualquer inspiração, aquela tela branca me causa vertigens. Surge à minha mente a imagem de um trabalho acadêmico, meu corpo se contrai, meus pêlos se eriçam pela aversão de tal imagem. As palavras não fluem, uma parece que barra a outra, meu pensamento se viciou em fórmulas categóricas e conceitos. Preciso urgentemente de ar!
Escreveria aqui sobre um filme bem legal que vi, mas na tentativa de produzir um discurso coerente aqui sobre ele me perdi, o texto ficou acachapado, em vez de estimular alguém a assisti-lo faria o pobre leitor ser atingindo por uma forte dor de barriga.
Minha mente salta nesse último ano de faculdade, são zilhões de obrigações. Pressão psicologica pela apresentação da tal da monografia, angústias, naúseas e aversões causadas por aulas que nos ensinam que na prática a teoria é outra!
Lá fora pisca um letreiro em neon escrito: E agora, José?
Sei não, que tal um Prozac?
Enquanto digito isso aqui me assalta aquela velha idéia de que estou expondo demais algumas coisas, faz isso aqui parecer um diarinho virtual de um jovem angustiado pela realidade sócio-economica do país, pela sua condição de prisioneiro de uma época em que qualquer tipo de consolo metafísico, estético ou alcoolico foi assassinado, mais um filho da geração internet que anseia por fama mas que mal-e-mal consegue articular palavras, possui alguns amigos no orkut e que na vida real não passa de um pedestre anônimo... E não é? Quando escrevo na internet me parece que as pessoas vão me apontar na rua, jogar bananas em mim, ou coisa que o valha, mas como já disse não sou tão famoso assim para merecer tal atenção.
Um divãzinho pós-moderno, diria algum acadêmico metido a engraçadinho. Sim, e daí? Vai pagar sessões intermináveis de psicanálise, aulas de yoga, massagens terapeuticas, aulas de relaxamento holístico (seja lá o que for isso) pra mim?
Estou aqui a jogar palavras a esmo pra quase ninguém ler com o intuito de sei lá o que, sem nenhuma preocupação com a gramática normativa ou com minha auto-estima. Coisas que somente o século XXI pode fazer pra você!

Na horizontalidade do ser os olhos perduram na sub-repticia imagem que com certa força se mostra após determinado esforço. No vai-e-vem, uma certa sonolência alcança os aquosos responsáveis pelo delírio noturno. Uma hora reservada para a ilusão. Degustada a módicos pedaços, suspirada e sofrida, a realidade corporal é subjugada pelo torto devaneio conduzido. São palavras espaçadas por regras gramaticais que se condensam em longas nuvens a se espalharem com o tempo pelo céu carregado, este logo tomado deixa escapar pelas frestas longos raios de um luz amarelada. Conversa psiquica que coloca em contato duas subjetividades, na mais perfeita comunicação, distância permitida e explorada num ir e vir que acompanha o espaço percorrido pelo corpo. Amálgama entre espaço e tempo, corpo e devaneio. A sonolência se intensifica na medida do impossível visualizado, sabor que fica na ponta da língua, imaginação sofrida e querida. Convulsão que os olhos, no caminho percorrido no áspero contato entre as mãos e o objeto, vão ditando à mente resultando num súbito espasmo, manifestação livre de uma vontade ditada pela alma. Querer acalmado, às vezes instigado, mas que sublimado se desfaz em satisfação. As imagens são quases táteis agora e o relaxamento a acompanha, avançando, ambos, o terreno da morte e a consciência insiste em barrar o caminho, mas esse é sedutor, corrompe facilmente uma alma áspera. É rompido o pacto que conduz ao leve torpor e o dia se encerra. Agora os sonhos são absolutos, a eterna barreira entre o devaneio e eles foram rompidos, os olhos já não guiam, estão cerrados, o espírito venceu o corpo e dormente a alma sorri.

Em breve colocarei coisas aqui, estou um tanto enrolado.

Um comentário

Acho o Oscar uma chatice.