sábado, julho 23, 2005

156

São Paulo de santo tem o nome. Eu e Ju dispersamo-nos em mil pedaços nas mil entradas das mil ruas sujas cheias de gente. Ruas eternas, sem tempo, no sempre hoje, agora, atrasado, correndo. Surfamos nos metrôs, aquele submundo da hipervelocidade. Toda loja é uma vida e toda vida é compra. Mil sons, mil vozes, mil músicas, todas ao mesmo tempo, um só tempo na cidade que não dorme, mas sonha. Delira nos seus pedaços espalhados no mar de carros - e quantos!-, naquela beleza tímida escondida depois de uma esquina; num parque imenso, cheio de árvores, abarrotado de gente e... cachorros, todos! Toda a beleza se confude ali. Na bricolagem da procura, nos dedos ávidos e sentidos aguçados, nos passos escolhidos, nos cafés sorvidos em lojas de azulejos, em cada descoberta, deus está nos detalhes! Nas avenidas largas, marginais que safenam a cidade toda, a grandeza emudece, entristece os olhos com tantos carros, lixo e crianças dançarinas que vendem sabe-deus-o-quê (desviam dos autos, da automação, do olhar já acostumado, do frio e da frieza, querem aparecer sobretudo), enfim rios pontes e over-drives. Ali a fumaça e a cor cinza preenchem o único espaço que ainda era permitido - o céu. Experiência urbana em toda sua potência.
O que fica são todas as sensações, o conhecimento mudo que vem através da pele, nos odores, em cada piscadela... a pessoa que deixamos de ser.

Aliás, quando sair de casa disque 156.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

posts que somem.

20:34  

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